domingo, 13 de maio de 2012

Afinal, o que é o tempo?




           Hoje acordei querendo falar sobre o tempo. Essa indefinição constante que é. Essa não-permanência que é. Sim, porque há tantas definições pra tempo e, ao mesmo tempo, nenhuma lhe define realmente. Há tempo curto, tempo longo, tempo histórico, tempo cronológico, tempo espiritual, tempo cósmico, tempo existencial, tempo, tempo, tempo. E há, principalmente, a falta dele. Ouvi uma vez que o que nos falta é organização desse tempo. O problema é que mesmo organizando nossa agenda, o período que nos sobra logo é preenchido com alguma atividade extra, ou uma das atividades regulares, que apenas formalizamos ao agendá-las pra nós mesmos.

        Este século nos trouxe a praticidade como ferramenta para ganharmos tempo, mas no dia-a-dia vemos que não funciona exatamente assim. Não precisamos lavar roupa; temos uma máquina que faz isso. Não precisamos lavar pratos; a lava-louças foi criada. Não precisamos gastar horas limpamos móveis, pois a moda clean veio para nos poupar do excesso de objetos. Nem mesmo cuidamos de nossos animais de estimação, porque existem lojas pra isso. Enquanto vamos ao cinema ou deixamos os filhos no colégio, nossos cachorros e gatos tomam banho, são tosados, voltam cheirosos e com lacinho, e mais uma vez nosso tempo é poupado.

       O tempo é prático até mesmo em grandes empresas, quando reuniões são feitas por vídeo-conferência, poupando horas de viagens e contratempos dos funcionários. Por que, então, estamos sempre correndo? É culpa dos terremotos, que alteram milimetricamente a órbita da terra, segundo cientistas, fazendo com que os dias passem mais rápidos? É culpa das nossas milhões de futilidades, que há décadas atrás eram absolutamente dispensáveis? Afinal, quem já não correu pra casa pra ver o último capítulo da novela, ou ficou olhando incessantemente para o relógio, no trânsito, porque ia perder a final do Brasileirão ou a eliminação do Big Brother? Será que aproveitamos bem o nosso tempo?

        O próprio tempo é mutável, podendo ir de muito longo a muito curto num mesmo dia. Quer ver? Imagine aquela aula chata, daquele professor chato, numa quinta-feira à noite. O tempo é muito lento, cada minuto parece durar quinze. Mas, assim que você sai da aula e vai sair com os amigos, logo já são duas da manhã, e você tem que ir dormir, pois trabalha cedo no dia seguinte. Aí, o tempo vira curto, passa num piscar de olhos, assim como durante as férias, ou no final de semana. Então, será que o tempo muda de acordo com o nosso próprio humor?

        O tempo tem sido tema de considerações de diversos autores durante muitos séculos. Cito aqui um trecho de Henri Bergson: “Qual é o papel do tempo... O tempo impede que tudo seja dado imediatamente... Não é ele o veículo da criatividade e da escolha?Não é a existência do tempo a prova da indeterminação da natureza?” Aqui, o autor também reflete sobre a finalidade do tempo. Como o tempo é contado, quem o conta? O tempo, aparentemente, está a mercê de nós mesmos, nós decidimos se ele está passando rápido ou devagar. E isso é estranho, já que os dias passam igualmente para todos nós. Não é?

        E você? Como você conta o seu tempo?

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